HISTÓRIA | Os Ferreira Veras, colonizadores das terras da Ubatuba


O ano de 2019 marca os 300 anos da colonização das terras da Ubatuba pelo então sesmeiro Domingos Ferreira Veras. E em comemoração à esta data importante da história da nossa região destacamos abaixo um pequeno esboço da ocupação da família Ferreira Veras por essas terras.         

A origem da família Ferreira Veras (ou Ferreira de Veras) no norte do Piauí/ Ceará está relacionada com os irmãos Domingos e Thomas Ferreira Veras. Como tantos outros portugueses, chegaram à Ribeira do Coreaú, capitania do Ceará Grande, por volta do ano de 1710, sendo, portanto, pioneiros na conquista daquela região.

Naquele tempo, enquanto os jesuítas consolidavam na serra da Ibiapaba as bases da Missão de São Francisco Xavier - e nos pés daquela serrania, para os lados da Ribeira do Coreaú,as fazendas de gado denominadas Pitinga, Tiaia e Imbueira, intensificou-se o processo de ocupação das terras entre as capitanias do Ceará e Piauí por portugueses vindos de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. Buscando terras devolutas onde pudessem instalar currais para criação de gado e plantar lavouras, esses aventureiros, aos poucos, atravessaram os limites imprecisos das fronteiras das duas capitanias, embrenhando-se em muitas léguas de sertão e chegando até à barra do Igarassu, Termo de Amarração, onde hoje se acha a cidade de Luiz Correia-PI.

Dentre os pioneiros que se aventuraram naquelas terras infestadas de tremembés valentes figuram Leonardo de Sá e Félix da Cunha Linhares, que por ali passaram antes que os paulistas reduzissem à insignificância a presença indígena. Na medida em que ficavam “desinfestados” os sertões da presença indígena, intensificava-se a ocupação das terras pelos colonos. Sob a liderança do padre Ascenço Gago(1665 – 1717), suas “sobrinhas”, Victoria e Úrsula, conseguiram sesmarias nas margens do rio Timonha, posteriormente ampliadas pelas posses de Pedro da Rocha Franco, que tinham como centro o Ibuaçu em Granja. Do outro lado da serra do Covão, Francisco Alberto Delquintelar tomou posse de terras na região da Ubatuba e Manuel Geraldo da Costa disputava com o coronel Rodrigo da Costa Araújo as terras nas margens do rio Pirangi, sendo-lhes finalmente cedidas em sesmaria no ano de 1706.

Embora morasse na Tiaia, em 1719 Domingos Ferreira Veras já estava apossado das terras da Ubatuba e Camurupim, conseguindo a titulação por sesmaria de seis léguas quadradas daquelas terras.

Domingos Ferreira Veras é considerado o líder da família no processo de imigração para o norte do Ceará, distinguindo-se em seu tempo por profunda fé católica. Juntamente com seu sobrinho, Diogo Álvares Ferreira, foram irmãos fundadores da Irmandade do Santíssimo Sacramento, ereta na matriz da Caiçara (hoje Sobral), no dia 15 de setembro de 1752, sob a orientação do carmelita Frei Manuel de Jesus Maria. 

No ano de 1723, um irmão de Domingos, Thomas Ferreira Veras, que foi tio e, posteriormente, sogro do mestre de campo Diogo Álvares Ferreira, conseguiu também uma sesmaria com três léguas quadradas no Camurupim. Tal posse foi duplicada, no ano de 1732, quando conseguiu sesmaria na Barroquinha. Domingos ainda conseguiria, mais tarde, no ano de 1751, a titulação de outras duas datas denominadas Riachão (Uruoca) e Barra do Igaraçu.

Razoável porção dessas áreas de terras concedidas aos irmãos Domingos e Thomas
Ferreira Veras estavam em território reconhecido posteriormente para o Piauí, incluídas no território da Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca e, portanto, pertencentes à Vila de São João da Parnaíba.

Naquela imensidão de terras tituladas com total imprecisão de limites, o capitão Thomas Ferreira Veras instalou suas fazendas de gado e assentou seus familiares, tendo por centro a região da Ubatuba no município de Granja, atualmente o distrito é denominada de Ibuguaçu, numa fazenda chamada de Curral Grande à 5km de Estreito dos Martins, município de Granja - Ceará.

Quando chegou à Ribeira do Coreaú, por volta de 1710, procedente de Igarassu – Pernambuco, o capitão Thomas Ferreira Veras já era casado com dona Joana da Costa Furtado. Foram os pais de Micaela da Silva Ferreira, Maria dos Reis de Veras e Francisca Thomasia Ferreira de Veras, Francisca Thomasia era esposa de Diogo Álvares Ferreira, dono do sítio Frecheira, Micaela da Silva Ferreira casou-se com Matias Pereira de Carvalho, natural da cidade do Porto, Portugal. Maria dos Reis de Veras casou-se com seu primo Domingos Álvares Ferreira, eram país de Feliciana Ferreira Veras, esposa de Anselmo de Sousa Castro, rico fazendeiro de Ubatuba, Domingos Alvares Ferreira era irmão do mestre de campo Diogo Álvares Ferreira. 

Maria dos Reis Veras e Domingos Alvares Ferreira moravam na fazenda Curral Grande, herança de seu pai Thomas, no município de Granja, “numa casa de taipa coberta de telha". Como mencionado em seu testamento. 

Quando morreu, no dia 2 de junho de 1806, dona Maria era proprietária dos seguintes bens: três léguas de terra no Curral Grande, 800 braças de terra de comprimento Ubatuba, três léguas de terra na Várzea Formosa, uma posse de terra na fazenda Carpina, Parnaíba e mais 800 braças na mesma fazenda, uma casa de taipa coberta de telha no Curral Grande onde morava(“onde moro”), oito escravos (6 machos e 2 fêmeas). Não sabia qual a quantidade de gado que tinha nas fazendas Carpina e Curral Grande.

Por sua vez, Francisca Thomasia Ferreira de Veras, filha do capitão Thomas Ferreira Veras e de Joana da Costa Furtado, casou-se no dia 3 de outubro de 1751 com seu primo Diogo Álvares Ferreira, dono das terras do sítio Frecheira e que era português natural da cidade de Braga, filho de Diogo Álvares e Senhorinha Gonçalves. O enlace matrimonial ocorreu na freguesia de São José da Vila de Granja, em cujo território situava-se a fazenda Curral Grande, domicilio de Thomas e Joana. Tendo por apoio a fazenda do sogro, Diogo estendeu sua criação de gado em direção
ao Piauí, fixando domicilio no Sitio das Frecheiras, onde construiu o “oratório” em honra de Nossa Senhora do Rosário.

Pesquisa: Chaguinha Costa 

Fonte: Vicente Miranda

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