FESTA NO CÉU | Por Miguel Fontenele Roque Aragão


Então, cerca de um mês após a missa em homenagem ao primo #ChicoMiguel tivemos outra missa, a do primo José Ernani

Essa perda aqui deve ser ganho lá no céu, acho eu.

Espero que seja mesmo mentira a doutrina da reencarnação, assim a pessoa fica no reino celestial pela eternidade.

Ou é eternidade ou não é?
Me desculpem os kardecistas, (igual ao primo Jose Ernani Aragao Brandao ), mas encarnar novamente invalidaria A VIDA ETERNA proposta pela igreja católica romana, onde se permaneceria a eternidade por lá.

Se o primo Chico Miguel estando lá de boa no céu, vê aparecer assim do nada o primo Ernani Brandão, então é farra, FESTA NO CÉU..

Nó mínimo uma semana de folia, e creio que até o nosso Luiz Gonzaga tenha tocado baião e pode se crer que o arrasta pé virou noites, pois essa gente nordestina não resiste a um bom rala bucho.

Provável que o velho Anjo Roque tenha riscado faca ( o facão mesmo ), só pra fazer faísca e dizer versos de brincadeiras, pois era uma lesma de homem, igual a maioria dos homens do Estreito do Martins, graças a Deus.

E lá também a tia Justiniana Aragão, a velha Chica Rujero e Maria Miguel, minhas avós, o vô Lucio lldefonso Machado, o ti Miguel e tantos outros. Dona Mariete e seu Clarindo, o Davi Veras, e seu Edmundo Rial e a farra virando a noite, e todos os anjos dançando xaxado e arrastando o pé.
O velho Rogério de Castro e seus oito irmãos ( meu bisavô ), e o papai Miguel. O papai Roque com a mãe Agostinha, e esta fazendo os temperados pra festa, seu Antonio Nunes gabando: “ninguém tempera melhor um assado que a Agostinha.”

O Antonio Filho e o Jorge Martins servindo cachaças e o Zè Paula tirando gosto com cajá madura e cuspindo nos pés do balcão, e Deus Pai com um sorriso de um canto ao outro do universo, se lembrando ter criado mesmo a cana de alambique e os pés de cajás a tamarinas, tudo Obra Sua. O Ernani Brandão virando devagarinho copos e mais copos de cerveja e a cara sempre alegre e sorridente, dando risadas e contando pilhérias leves, um cínico. De vem em quando alguém pedia um refresco supergelado e melado ao Jorge, e comia com pão, afundando no copo. Eu pediria se tivesse nesta festa. Um dia chego lá, então o pagode de bom melhor ficará.

A tia Maroquinha queria saber de seus filhos, todos pequenos, e se o Manelim tinha sido preso.

A terra é bem melhor que o céu.

Jesus garantiu vinho de melhor qualidade pra noite toda e multiplicou os pais, pois dissera: “vós comereis pão e bebereis vinho na casa de meu pai, pois era homem de gostar de festas, aclamando as danças e entusiasmado com o xaxado e os requebros do povo, e muito satisfeito com todo o povo e a cultura nordestina.
Ninguém gosta mais de uma festa do que o Nazareno, e jantares.

O primo Chico Miguel e o primo Ernani eram os homenageados, e a poeira subiu, e a sanfona gemeu, o triângulo retiniu e o povo não parava de dançar, comer e beber. O Anjo Roque perguntava pelas chuvas, se o tempo estava escuro e se as trovoadas já ribombavam sobre a terra, sempre se alembrando das cercas, e o velho Miguel Aragão não saia de perto dos toneis de pinga.

E todos entusiasmados com a vida na terra, e o Chico Rei queria saber das farinhadas, e se ainda puxavam na roda para fazer o rodete cantar e gemer, e se nas grandes tempestades os rios ainda tomavam os matos e afogavam as vegetações.

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