Amores entre primos: Manoel Ximenes Aragão e Ana Antonia

AMORES ENTRE PRIMOS


No caso Manoel e Ana Antonia, bisavós da Maria Miguel, os tempos estavam ruins, a vida naquela época era de um Brasil iniciado, e a Justiça não era igual nos tempos de agora, e se vivia em um mundo cuja lei era controlada por turbas de bandidos. Transporte, saúde, segurança e alimentação não eram como temos hoje em tanta disponibilidades e com transportes, internet, helicópteros, aviões e estradas asfaltadas, o mundo onde nasceu e viveu Manoel Ximenes e Ana Antonia era diferente do de agora. Os dois estavam apaixonados, ela era uma linda moça e ele um sujeito franzino, e não se dava com o serviço de roças, mas já trabalhara em cartório, e a bagaceira rolava pela terra, turbas de homens ruins. O império de Dom Pedro precisava de homens pra guerra, e destarte a ideia do Plácido Fontenelle em se voluntariar pra guerra do Paraguai, José Francisco de Aragão, avó do velho Innocêncio, se esconderam em meio aos matos e dormiam ao relento, fugindo da convocação, eles e seus filhos, inclusive o Manoel.

Os boatos acerca de Manoel e Ana Antonia passavam pelas bocas, pois moravam vizinhos e a moça frequentava diariamente a casa de sua tia e quase sogra, restando ao Manoel perceber que os boatos ( tipo de moça que estava sendo “mexida” ), coisa que o seu Clarindo Rial detestava,mas pro mundo do Manoel Ximenes de Aragão e Ana Antonia era bem diferente, então na hora em que ela costurava uma roupa, ele iniciou uma conversa com ela, sobre o que o povo estava falando pelas cercanias da cidade de Sobral, acho, e que ele havia pensado muito, e ela costurando, agulha e linha, linha e agulha e o tecido, enfiava e tecia, metia e puxava, dava ponto, nó, e a costura seguia, e o Manoel preocupado com os falatórios do povo.

“O melhor será nós dois fugirmos”, disse ele, ponderado e reflexivo, no que ela que até então enfiava a agulha, tramava o nó, cezia o tecido, parou... com o olhar parado no espaço e a mão segurando a agulha, bem na hora que subia a linha pra cima, puxando a costura para apertar a costura, faces coradas e ruborizadas, subiu as vistas para olhar pro seu amado, os corações acelerados.

Autor: Miguel Aragão

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