FOME FOGO FOME | Por Marcello Silva
Fome, fogo devorando as vertigens
Num alarido de cães e ventanias.
Nas tardes inquietas e noites infindáveis
Ainda ao amanhecer insana devastação.
Infelizes criaturas
Bichos da selva de concreto,
Mortos na penumbra entre o pão dormido e a falta do
Dinheiro para compra-lo
Homens asfixiados pelo capitalismo
Esquecidos nos lixões onde se arrastam lerdos
Em disputa com os abutres pela ração suja e necessária
Fogo, fome intenso e oculto
Queimando do homem a carne desamparada,
No entanto, ainda como gota última
Reside uma esperança... Inquieta.
SILVA, Marcello. O Pescador. Chiado Editora, 2015. pag. 79
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