Traição



Se um dia fores surpreendido com uma traição, enfrente-a de cabeça erguida, na  vida todos estão sujeitos  a muitos tipos de deslealdade. Ou ainda,  se existir o vento soprando a seu favor, aceite-o, haja vista que esse  é sempre  muito veloz.
 Quando perceberes que no seu jardim as flores estão com as pétalas caindo, lembre-se  que essas  rosas tiveram início, apogeu e agora perderam a vitalidade, isto deve despertar  a certeza de que nada na vida é eterno, até mesmo o perfume das rosas, com o tempo deixam de existir.
 Bem como, ao descobrir que aquele amor de outrora, onde já teve tantos encantos e ardência dentro do seu peito, agora esfriou, as convicções estão opostas, isto é a realidade de que não somos donos de nada, nem mesmo dos nossos sentimentos.
Ao perceber que aquela pessoa amiga de infância, da juventude  onde cresceram, brincaram, discordaram e amadureceram juntos. Hoje, encontra-se distante, até mesmo as lembranças já não marcam tanto. Isto é a história meu amigo, as pessoas não foram criadas para viverem eternamente ao nosso lado, cada um seque o seu destino, uns bons e outros falaciosos. Porém, para muitos a vida se torna longa. E para distintos, ela  tem pouca duração.
 Isto leva o ser humano a alimentar a saudade  dentro de si, despertando  também, para uma reflexão de que a saudade é uma constante,teve início no  momento em que se foi  expelido do ventre materno, local do primeiro abrigo humano, e de muito conforto,  durante nove meses, o lugar é seguro e protetor, no qual foi cuidado e não despertou concorrência. Aquele aconchego que parecia eterno com um espaço só seu a mãe? Agora veio para outra dimensão competitiva, com a certeza de que a saudade o acompanhará, para sempre.
Da mesma forma fica a dor da perda de um ente querido que viveu ao seu lado, por um longo, médio ou curto período. A dor da partida dilata tudo para aqueles que são sujeitos a conviver com tamanha quebra familiar.
Vive-se a certeza de que  hoje é a  realidade. Amanhã é um mistério. Outros dizem que o homem é um ser imperfeito, incompleto e cheio de dúvidas, às vezes alegre ou triste, bravo ou manso, horas no Paraíso, ou perdido na multidão. Que tolice pensar que comigo poderia ser diferente, que nada! Por isso, toda a saudade traz ressaibos de um amargor agridoce. Só se tem saudade daquilo ou daqueles que foram bons, do bem, de momentos ou tempos ou lugares agradáveis, prazerosos. Por isso, a definição — atribuída a Ruy Barbosa — de que “saudade é a vontade de outra vez”. De, pelo menos, mais uma vez. De rever alguém, de reviver algo, de recuperar talvez um elo perdido. Ou de, até mesmo, tentar descobrir se aquele encantamento foi um belo sonho ou se realmente existiu.                   


Autora: Maria do Carmo Aragão

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